A Diretoria Nacional do ANDES-SN repudia veementemente a fala do blogueiro Gustavo Negreiros, no Jornal das Seis da Rádio FM 96 do Rio Grande do Norte em 19 de Novembro de 2021, quando acusa o(a)s professore(a)s de História, Geografia, Ética, Filosofia e Sociologia, de representarem risco para crianças e adolescentes, com um nível de periculosidade superior à de um traficante.
Essa afirmação atinge diretamente o compromisso do(a)s professore(a)s com a produção e construção crítica do conhecimento. O obscurantismo da fala travestida de neutralidade colabora com a negação da ciência tão presente na política do governo federal que reverbera no atraso social em curso. A retórica se volta para todo processo educacional, que visto como contaminado ideologicamente é argumento para o seu desmantelamento do sistema público de educação essencial para o futuro de novas gerações.
Os ataques à educação fazem parte da agenda conservadora nos mais diferentes espaços da sociedade. O combate ao pensamento crítico caminha junto com uma plataforma reacionária no ensino das novas gerações e daqueles /daquelas que já se encontram em fase produtiva. E entre suas múltiplas expressões, a manutenção dos valores conservadores chega a ser mais importante que a integridade física de crianças e adolescentes.
Assim, por uma fala desprovida de qualquer fundamento, mas com a arrogância autoritária de “verdade”, própria do “lúmpen neofascista” que permeia diversas mentalidades perversas no Brasil de hoje, mais uma vez a categoria docente é atacada ao vivo e a cores. Dessa vez por um indivíduo que não tem nenhuma representação na comunidade acadêmica, científica, mas pela interferência em um instrumento de comunicação e diante da gravidade da declaração é necessária uma resposta como forma de repúdio e reação do movimento docente a esse facínora obscurantista.
Aí se revela mais um adepto dos ideais dantescos do Movimento Escola sem Partido, pois em três minutos de fala, ao adotar uma retórica difamatória, agride a inteligência e a extraordinária função pedagógica e educativa de professore(a)s, suscitando um método para eliminar essa “contaminação”. O viés persecutório que exala das palavras de Gustavo Negreiros ainda aparece quando caracteriza o INEP, as universidades federais, as estaduais, as escolas como “catequizadoras”. O rosário fascistóide de sua reza se completa com formulações maniqueístas entre “certo e errado”, como demonstração do arauto da verdade absoluta. Esse é o quadro do obscurantismo neoconservador que precisa ser repudiado por todas e todos que acreditam numa sociedade com justiça social e igualdade substancial.
Brasília(DF), 24 de novembro de 2021